terça-feira, 25 de maio de 2010

Rabiscos de Sol

"Eu rabisco o sol que a chuva apagou [...]"

Legião Urbana

O Sol cochila diminuto e pálido coberto com uma nuvem mal humorada. O céu é um manto grafite que se desenrola sob o dia contornando a manhã com traços finos pretos desbotados. Nuvens encolhidas amarronzadas dispersam-se pelo céu esmaecido. O céu enegrecido por grãos cor de café. A neblina esfumaça o ar com cinza - uma densa cortina ergue-se diante da janela do quarto, embaçando-a. A brisa gélida adentra o quarto pelas frestas da janela agasalhando meu corpo desnudo da tua companhia. O céu chora gotículas de grafite brandamente. As nuvens encharcadas escorrem pelo céu, mesclando o café ao grafite - uma mistura acre. O Sol alagadiço desfaz-se antes que a chuva o esmiuçasse. O sereno rasga a cortina de neblina e borda lantejoulas translúcidas nela. E as lágrimas do céu enfurecem-se e caem céleres agredindo as ruazinhas da cidade. A chuva samba com frenesi por entre as ruazinhas da cidade outrora soturna. E a batucada inquieta irrita a calmaria que velava a manhã. A chuva dedilha sua canção, e eu desenho um Sol amarelo-alaranjado sorrindo fios de luz ouro no horizonte, riscando o céu azul-felicidade borrifado com nuvens de marshmallow, à janela batem fios de luz tremeluzentes convidando-me para sair, a brisa tem cheiro de Primavera, a dança das borboletas e dos beija-flores colore o ar, a canção dos pássaros alegra o dia. As ruazinhas da cidade enfeitam-se com uma felicidade entorpecente. E eu quase me esqueço que lá fora chove, enquanto cá dentro faz um belo dia de Sol, um Verão incendiando esses Invernos que vez em quando nevam melancolia. Em dias de chuva rabisco sóis para borrar a chuva incessante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dance com as palavras!