segunda-feira, 8 de março de 2010

Solidão de prata

"Às vezes, no silêncio da noite
Eu fico imaginando nós dois
Eu fico ali sonhando acordado, juntando
O antes, o agora e o depois
Por que você me deixa tão solto?
Por que você não cola em mim?
Tô me sentindo muito sozinho!"
   
Peninha
   
O vento adentra no meu quarto sem pedir licença, pela janela entreaberta, faz dançar com leveza as cortinas, esvoaça os meus cabelos acariciando a nuca com uma brandura que lembra o toque delicado das tuas mãos passeando entre os meus cabelos, afaga o corpo, arrepia a pele, envolvendo-me num aconchego frio. As cortinas se abrem num passo de dança ensaiado, a janela do meu quarto é o palco para a noite se apresentar.
No manto negro que se desenrolou sobre o céu infinito, estrelas saltitam - cintilantes e sorridentes, pontinhos de brilho que se espalham pelo manto negro, luzinhas que se acendem e se apagam, umas piscando para as outras. Uma sinfonia de brilho. Chuva fina de prata serenando pingos de luz. E essas estrelas incendeiam meu olhar nublado. A Lua - a dama da noite, sobe ao céu para fazer companhia às estrelas. Uma Lua Cheia - imponente e amarelada decora a noite. Ela é um girassol nesse jardim de estrelas. Ao redor da Lua amarelada uma aréola branca circunda-a, abraçando-a, uma fusão de amarelo e branco. E os seus fios de luz fazem cócegas no meu olhar triste. 'Dentro dela tem Sol!', eu pensei. Essa Lua-Sol arde em sonhos com o seu amado.
Um vento de saudade sopra no coração, arejando a memória com lembranças de um antigo amor. Ah esse coração que vez em quando faz dançar uma saudade e esvoaça lembranças por mim nunca esquecidas. Reminiscências de um ontem que não passou. Recordações que não envelhecem. O pensamento tagarela histórias que o tempo não desbotou. O silêncio sussurra sua ausência. E eu fico sonhando acordado lembrando o amor que se perdeu. 'Vivendo do que fomos ainda estou' diz a canção que está tocando no rádio agora, a nossa história é feita apenas de restos de passado, eu me prendo a ontens num laço de saudade. Vou rasgar a noite em vigília, espiando o céu à espera de que uma estrela tropece e caia para que eu peça você outra vez aqui...
Essa noite é uma metáfora da minha solidão. Solidão de prata, brilho que não me acende de alegria.

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