sexta-feira, 12 de março de 2010

Cultivando sonhos

"Se os frutos produzidos pela terra
Ainda não são
Tão doces e polpudos quanto as pêras
Da tua ilusão
Amarra o teu arado a uma estrela
E os tempos darão..."
   
Gilberto Gil
   
Espalhei meus sonhos sobre o manto negro que cobrira o céu, outrora em chamas incendiado pelo Sol do fim da tarde que se desenrolava. Quero semear sonhos num jardim de estrelas. Quero cultivar sonhos ao lado das estrelas mais coloridas que florescem na estação noite. Quero uma primavera noturna de sonhos e estrelas debruçada na minha janela. O adubo será a poeira que as estrelas fazem quando do céu estão sendo varridas para a aurora começar a tecer o dia. Adubo mineral feito de pó brilhante fertilizando sonhos que ainda estão nascendo, regenerando outros que estão quase morrendo. E um sereno de fios de luz da Lua vai regar meus sonhos. E quando algumas folhas de desilusão quiserem secar minhas folhas verdejantes de esperança, vou podar as folhas secas e plantar mudas da fantasia. Se alguma estrelas fujona do céu escapar, farei um pedido para que nenhum sonho de mim escape. Se alguma estrelas para sempre se apagar, lembrarei que daqui da Terra elas continuam acesas, um teto celestial com pequeninas luzes piscando, piscando, piscando [...], assim como estrelas, mesmo aqueles sonhos que se apagam eles continuam acesos dentro da gente, piscando nalgum canto. Se algum cometa passar por mim, vou pedir uma carona na sua cauda para procurar aqueles sonhos que por falta de esmero se perderam de mim nas noites sem Lua. E quando encontrá-los esse cometa vai ser meu arado, preparando o chão de estrelas para receber sementes de sonhos. E se a noite for cinzenta, vou acender estrelas no meu olhar, colher os sonhos para perto de mim e replantá-los no coração.
Sonhos não florescem em solos inférteis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dance com as palavras!