quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Sonhos

"O meu maior desejo sempre foi o de aumentar a noite para conseguir encher de sonhos."

Virgínia Woolf

O manto negro acinzentado desenrola-se sobre o céu taciturno, envolvendo a noite em uma espessa cortina nublada. A noite veste o véu da neblina. A noite curva-se de frio, encolhe-se de tristeza. A noite chora uma chuva fina, pingos de escuridão mesclados com a solidão. Nuvens cor de chumbo caminham a passos trôpegos pelo céu adormecido encobrindo a Lua tímida, solitária da companhia das estrelas cintilantes. Essa noite parece que todas elas tomaram um porre de sono, tropeçando do céu e desmaiando num horizonte longínquo. A Lua me espia serena pelas frestas da janela com seus olhos nublados, e me sorri um meio riso úmido de melancolia, um riso delgado. Ela vela meu sono, enquanto a noite me embala em seus braços.
Quisera eu poder desenrolar sobre esse céu taciturno um manto preto azulado bordado com estrelas cintilantes. A noite vestiria-se de alegria, chorando uma chuva de luz. O céu seria uma grande coberta borrada com gotículas de leite envolvendo a noite. Um céu sem nuvens, sem cinza, um céu com luzinhas coloridas acesas, piscando, brilhando e rebrilhando. Uma Lua Cheia recostada nesse manto estrelado me olhando com olhos de prata e me sorrindo um riso largo. Quisera eu poder cortar uma fatia de céu só para mim, um pedaço de céu sem nuvens confeitar com estrelas, enfeitar com uma Lua Cheia, quisera eu poder esticar a noite e rechear com sonhos doces. Antes de adormecer eu estico a noite e me cubro com sonhos...

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