terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Onde estão tuas mãos?

"Ai, suas mãos onde estão?
Onde está o seu carinho?
Onde está você?
Se eu pudesse buscar
Se eu soubesse aonde está
Seu amor, você..."

Maysa

O vento cantarola notas de saudade, batendo com sua canção à porta do peito, acorda o coração do cochilo de esquecimento e ele volta a cantar com voz alta e grave 'Saudade és a minha dama de companhia /Desde o adeus daquele amor /A dona alegria nunca mais me visitou /E o meu samba é de agonia /O meu canto é triste /De nós só uma lembrança desbotada restou /Eu me reviro pelo avesso tentando arrancar essa dor /Cá dentro só saudade existe!'. A brisa sopra afagando a nuca, esvoaça os cabelos bailando no ar com eles, passeando pelo corpo, envolvendo-me toda. Ela traz contos de céu e mar e cochicha ao pé do ouvido teu nome. E o coração desatina cantando saudade. O azul amarelecido do céu mergulha no azul esverdeado do mar. Ao azul amarelecido do céu mesclam-se o laranja, o amarelo, o rosa, o lilás e o vermelho de fim de tarde. Nuvens de chocolate dispersam-se sobre o céu da tarde que em silêncio adormece. Elas caminham a passos trôpegos traçando uma reta de chocolate que escorre pelo céu pingando marrom. Uma nuvem mais infantil me convida para brincar de quebra-cabeça, e no céu um 'S' faço surgir, enfeitando o fim de tarde. 'S de saudade!', suspira coração. As nuvens serenam um fino choro passageiro, borrando o céu, deixando-o feito aquarela. O Sol em chamas debruça-se no poente incendiando-o. O vermelho costura o poente. Uma linha alaranjada arremata o horizonte. O vermelho do poente mescla-se ao laranja do horizonte e abraçados mergulham no agora marrom alaranjado do mar. O Sol despede-se para a dama da noite subir ao palco. Um manto negro desenrola-se cravejado com estrelas, estampando uma Lua Cheia sorridente. O vento cantarola e o coração acompanha a canção do vento num coro solitário. A brisa fria arrepia o corpo e ele deseja ser acolhido nas tuas mãos. 'Mas onde estão tuas mãos?' perguntam as minhas. Elas desejam encaixar-se nas tuas debaixo desse manto estrelado. A Lua espia serena minha solidão e pensa 'Pobrezinha, ela deve estar à espera do seu Sol!'. Os pensamentos tagarelam tempestade e desejam ser silenciados pelo afago terno das tuas mãos. O coração pequenino deseja agigantar-se de alegria ao toque de felicidade das tuas mãos. E as feridas desejam ser cicatrizadas pelo aveludado das tuas mãos. Minhas lágrimas desejam secar ao Sol das tuas mãos. A Lua com pena, empurra uma estrela do céu para que eu faça um pedido e eu peço o aconchego das tuas mãos nas minhas mãos. E a Lua sussurra 'Que você encontre seu Sol!', amanhece todos os dias e eu não tenho Sol... Onde estão tuas mãos que me guiavam na escuridão? Tuas mãos onde estão? As minhas adormecem na solidão embebidas na ausência das tuas.

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