"Dança o tempo sem cessar..."
Chico Buarque
Dança o tempo incessante, incansável... Às vezes dança o tempo com a graciosidade do balé. Às vezes nos conduz com a leveza da valsa. Às vezes nos leva no compasso agitado do rock.
O acompanhante do tempo nessa dança? Eu, tu, ele, somos todos nós.
Às vezes perdemos o passo, e dança o tempo sozinho nos embalando numa melodia clássica, atônitos com as notas musicais do relógio...
O palco para a apresentação do tempo, a vida. O piso desse palco, nosso corpo, e o tempo vai marcando esse piso com seus passos, traçando caminhos com linhas finas, grossas, suaves, árduas, enrugando a pele, manchando o corpo com seus movimentos.
Segue a dança, a música não pára, o palco é sempre o mesmo, o piso vai desgastando e o tempo não pára para repararmos o desgaste. Às vezes o desgaste é mais profundo, rompe as linhas do corpo e invade o olhar nublando-o, paralisa o coração, envelhece a alma. Às vezes a dança do tempo é amadurecimento, às vezes só apodrecimento.
Tempo e vida, espetáculo infinito que se mede, que se limita, vida que se enlarguece e se abrevia com o tempo, e quando finda se eterniza na memória dos corações que ficam.
E somos todos nós simultaneamente artista e plateia. Se somos somente artista atropelamos o tempo, vivemos uma vida sem saber que ela está sendo vivida, vivemos à frente do tempo, apressados. Se somos somente plateia o tempo nos atropela, a vida passa diante dos nossos olhos como um flash, não podemos repetir a dança.
Mas chega um dia que o corpo cansa, ofega com os passos do tempo, o coração desacelera, a alma pede sossêgo e o tempo nos embala num tango. Fecham-se as cortinas, desarma o palco, fim do espetáculo.
Paralisa a dança, a música silencia, adormece para sempre o artista e a plateia, sai de cena a vida.
Talvez o espetáculo continue invisível aos nossos olhos em outro palco... Quem sabe? Mas o tempo? O tempo continua dançando incessante, incansável...
Meu maior temor é passar pela vida só como plateia. Não desejo isso pra mim nem pra ninguém. As vezes faço das tripas coração tentando aproveitar tudo... nem sempre dá! rsrs
ResponderExcluirPode ter certeza de que eu amei seu blog, tenho amado tudo o que escrve.
Agradeço pela permissão, viu?!
Logo, logo estarei postando esse seu magnífico texto.
Beijãozão
Todo lindo o blog, todo lindo o texto..Cores, fonte, imagens, você.
ResponderExcluirFoi um prazer caminhar por aqui!
Oi moça.
ResponderExcluirQue bom que você voltou a vida de blogueira.=)
E é possível controlar essa dança?
Dançar do nosso próprio jeito?^^
Um grande xadrez
ResponderExcluirPeças móveis, movimentos predestinados.
Um coração enganado,
Repleto de confusão,
Chora.
A cada jogada
Nova espectativa, esperança...
Pobre sentimento
Condenado ao interior eterno.
Vida que lampeja na Terra
Preenche mais um espaço,
Mais um, somente.
Cruel destino percorrido
Sem a consciência do sentido.
Adormece no tabuleiro
É tua hora de jogar!
Mas não jogas...
E vem o cheque-mate!
Ah, insensatez que você fez
ResponderExcluirCoração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, por que você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração, quem nunca amou
Não merece ser amado.
(Tom Jobim / Vinícius de Moraes)
cont...
ResponderExcluirVai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração, pede perdão
Perdão apaixonado
Vai, porque quem não pede perdão
Não é nunca perdoado...
"Se somos somente plateia o tempo nos atropela, a vida passa diante dos nossos olhos como um flash, não podemos repetir a dança."
ResponderExcluirtem dias, que tenho a impressão de ser uma mera platéia..
você retratou bem o tempo, realmente gostei!