"Sem qualquer esperança
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens."
Ferreira Gullar
te espero.
Na multidão que vai e vem
entra e sai dos bares e cinemas
surge teu rosto e some
num vislumbre
e o coração dispara.
Te vejo no restaurante
na fila do cinema, de azul
diriges um automóvel, a pé
cruzas a rua
miragem
que finalmente se desintegra com a tarde acima dos edifícios
e se esvai nas nuvens."
Ferreira Gullar
Em meio a multidão de semblantes anônimos à memória, eu avisto o teu, fiel companheiro da saudade que carrego no peito, velho amigo das lembranças que guardam a memória.
Teu semblante mudou, não é o mesmo do retrato de recordações que enfeita a parede da memória. Teu semblante mudou, mudou de estação. Há um jardim de outono desenrolando-se sobre a tua primavera, há uma nuvem de inverno encobrindo o teu verão.
Teu semblante moreno pálido de emoção emoldura teus olhos nublados de brilho, limpos de estrelas sorridentes, um riso delgado ausente daquela alegria contagiante. Um riso alegremente triste. Atravesso horas a fio, perdida no meio da multidão tentando me encontrar no vazio dos teus olhos, procurando inutilmente o corado que empalideceu, a Lua que estampava o fundo das tuas pupilas, a alegria que deliciava-se nos teus lábios.
Teu semblante mudou. Mas dentro de mim nada mudou. Meus olhos te avistam na multidão e uma alegria inquieta percorre as ruas e becos de mim e no peito faz moradia. O coração acelera, bate forte, dança no compasso de uma escola de samba. No estômago, um balé de borboletas. E a alegria veste-se de saudade. As mãos gelam, as pernas tremulam. E eu atônita observo teu semblante entre tantos outros e todos eles parecem invisíveis aos meus olhos, os carros imóveis, o tempo congela, a vida paralisa naquele instante que se eternizará na memória do coração. A avenida congestiona-se de lembranças de tempo perdido.
E antes que a retina pudesse fotografar um último gesto teu, um segundo de distração e eu perco teu semblante moreno na multidão. Talvez fosse apenas uma lembrança de outros dias, talvez imaginação, talvez realidade, talvez realidade misturada a lembranças e imaginação, não sei...
Estive separada de ti por alguns segundos pela distância de uma avenida. Eu poderia ter cruzado a avenida e mesmo ao seu lado aquela distância continuaria existindo entre nós tão real quanto o Sol que fazia. Sim, eu poderia ter seguido em frente e atropelado aquela distância. Mas voltei. Voltei, virei, dei as costas ao que eu acreditava ser passado, miragem empoeirada de velhas lembranças. Não olhei para trás. Depois compreendi que eu deveria ter seguido em frente, que não se anda para trás quando o destino desejado é o novo, que não se caminha por velhos caminhos quando o que se busca é o horizonte. É, eu deveria ter seguido em frente. Mas voltei.
Se eu tivesse seguido em frente teria encontrado a rua do presente que faz esquina com a rua do futuro, e o teu semblante seria apenas uma imagem anônima de encanto, perdida na memória.
Ainda te espero perdida na multidão em busca daquela distância...
Quem sabe o que quer, faz a hora, não ESPERA acontecer.
ResponderExcluirSe você quer atravessar a distância - atravesse.
Se existe coisa pior do que a distância? Acho que a saudade...
ResponderExcluirMas que nem vc sabiamente colocou:
"...Eu poderia ter cruzado a
avenida e mesmo ao seu lado aquela distância continuaria existindo entre nós tão real quanto o Sol que fazia.
Pura verdade.
beiijos ;)
Adoreii ~*
ResponderExcluirObrigada pela visitaa - Volte sempre
p.s : adoreii seu blog - liindo ;D
Bjo =*
Estar presa a lembranças ressentidas castiga a alma a um auto-flagelo desnecessário. Enxergar a realidade da vida, soltar-se de velhas correntes e olhar para o alto. Nada merece um aprisionamento do sentimentos.
ResponderExcluirVocê escreve bem. parabéns!
obrigado aos comentários do anônimo! =)
ResponderExcluira distância é ruim mas não pode ser um obstáculo.
ResponderExcluirtem q tornar uma aliada....
encontrar atalhos e diminuir a dor ou as dificuldades...
paradoxo sentimental *-*
sempre bom passar aqui .
abraços
ótim quinta
e feliz dia do MP-24 vem com TV.
radio am [exclusivo] e fm e ainda gravador de blue ray.
¬¬
abraços de novoooo
fui.
FDs a vistaaaaaaa...mas bm q poderia ser a prazo...passaria mais devagar!
na verdade, a ditância, por mais estranho que paresa, ajuda a unir as pessoas
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